As origens da Casa de Abbades, tanto quanto as conhecemos, remontam a 1658, ano em que Filipe Pereira de Magalhães e sua mulher Grácia de Brito obtêm do arcebispo de Braga licença para edificar capela sob a invocação de Nossa Senhora da Vitória, apondo-lhe as suas armas. A casa manteve-se na descendência deste casal até meados do século XIX, tendo vários dos seus senhores seguido a carreira das armas e professado na Ordem de Cristo. A família possuía ainda uma boa morada urbana na Rua da Piedade, em Viana, localidade onde alguns exerceram cargos político-administrativos de monta — o que ajudará a explicar o facto de nunca aqui terem empreendido grandes obras de transformação em épocas posteriores.
Tal como nos chegou, o conjunto é bem representativo da fusão entre a arquitectura popular e os estilos eruditos durante a Época Moderna — a sua capela e portão de recorte clássico coexistindo com um conjunto habitacional essencialmente vernacular, preso aos costumes intemporais do viver lavrador. Peça a todos os títulos notável é a cozinha, com a sua lareira monumental, emblemática da importância que esta divisão assumia na domesticidade rural da região.
Com a decadência e extinção do ramo principal da família, a Casa de Abbades acabou por ser alienada na segunda metade do século XIX, vindo a entrar na posse do Conselheiro Joaquim Augusto Barreto Pimentel, juiz de direito radicado em S. Martinho da Gandra; por disposição sua foi legada em 1914 a Rita de Magalhães de Abreu Coutinho — da Casa das Pereiras, em Ponte de Lima — que a transmitiu aos actuais proprietários. A estes se deveu o restauro do conjunto após um período prolongado de abandono e a adesão da propriedade ao Turismo de Habitação — cabendo-lhe a distinção de ter recebido, em 1979, os primeiros hóspedes que acorreram ao Vale do Lima no âmbito desta modalidade.
Em resultado do descuido a que foi votada durante a primeira metade do século XX a capela já não está provida do retábulo original, mas preserva-se nela ainda a sepultura de Maria Madalena da Cunha, jovem mulher do morgado Agostinho de Magalhães Pereira, aqui falecida de parto em 1718.
Gandra
Ponte de Lima
Coordenadas GPS:
41.777000, -8.494444
41°46’37.2″N 8°29’40.0″W