Casa de Aurora

A Casa de Nossa Senhora de Aurora tomou a sua forma actual no primeiro quartel do século XVIII, mas sabe-se que a família já aqui possuía casas de morada pelo menos desde o início da centúria anterior. A grandiosa frontaria introduz em Ponte de Lima os princípios da melhor arquitectura palaciana, tal como era praticada em Viana pelo círculo do engenheiro Manuel Pinto de Vilalobos — com os seus panos repartidos por possantes pilastras e os seus imponentes frontões triangulares. Devêmo-la a João de Sá Soutomaior Rebelo, chanceler e desembargador na Baía, que foi também o instituidor da capela em 1723 — cumprindo uma promessa que fizera em alto mar, regressando do Brasil, quando o navio em que viajava sofreu uma tormenta.

Ao morgadio familiar aí encabeçado em 1741 somaram-se vários administrados pela sua mulher, Maria Joana de Lima Barreto da Gama Pacheco, e outros conquistados em pleitos judiciais — facto a que não teria sido alheia a sua sólida formação em leis. Pelo final do século XVIII contavam-se mais de uma dezena de vínculos sob a tutela da família, o que obrigou a uma gestão especialmente cuidadosa do arquivo da casa.

Seu bisneto, João Sá Coutinho Costa Sousa Macedo Sotomaior Barreto, aqui nascido em 1838, veio a receber do rei D. Luís o título de conde de Aurora; por ausência de descendência sucedeu-lhe seu irmão José, que havia exercido a magistratura em Goa, a quem se deve a aquisição da mobília e colchas que compõem o invulgar salão indiano da casa. Figura a todos os títulos notável, e marcante da sua época em Ponte de Lima, foi o 3.º conde de Aurora, José António Francisco Maria Xavier de Sá Pereira Coutinho (1898- 1969), romancista e dedicado cultor das tradições locais, cuja excelente biblioteca e máquina de escrever se conservam.

Além do interior, com a sua enfilade de salões, e da capela, com seu belo retábulo em talha dourada e curiosos santos negros, é notável o jardim, redesenhado em meados do século XIX, com algumas árvores exóticas e cenográfico lago artificial. Preserva-se também, praticamente inalterado, o quarto onde em 1756 faleceu o arcebispo de Braga, e filho bastardo de D. Pedro II, D. José de Bragança.


Ponte de Lima
Ponte de Lima

Coordenadas GPS:
41.770111, -8.582639
41°46’12.4″N 8°34’57.5″W