A Igreja foi construída imediatamente a seguir à reconquista de Lisboa, em 1147, sob o cemitério dos cruzados que auxiliaram D. Afonso Henriques na tomada da cidade - os mártires -, pela sua entrega à recristianização da cidade. Por isso, ficou conhecida como Igreja de Nossa Senhora dos Mártires, cuja imagem se venera na capela-mor, tendo sido elevada a Basílica no século XIII. Depois do terramoto, foi dedicada em 1784, constituindo um verdadeiro ex libris da reconstrução pombalina, com características barrocas e neoclássicas. São notáveis os retábulos e os tectos pintados por Pedro Alexandrino, bem como o majestoso órgão, no coro-alto, construído por Machado e Cerveira.
A Igreja dos Mártires localiza-se, mais concretamente, no cimo da Rua Garrett, perto de duas outras Igrejas, a do Loreto e a da Encarnação, três edifícios que constituem uma espécie de trindade sacralizadora da área urbana paradigmática do Chiado.
O orago de Na. Sra. dos Mártires é o mais antigo da Baixa. A Igreja primitiva localizava-se no alto da Calçada de S. Francisco mas a freguesia foi trasladada para este local após o terremoto de 1755.
Foi sede da maior paróquia de Lisboa com um território que se estendia desde a Sé e Santa Justa até Alcântara ou mesmo até Oeiras. A igreja foi objecto de várias campanhas de obras: alargada em 1476, reedificada entre 1598 e 1602, teve uma vasta campanha de obras em 1629 que continuou intermitentemente até meados do século XVIII. Destruída pelo terramoto de 1755 optou-se por trasladar em 1769 a Igreja e a freguesia do alto de S. Francisco para a actual Rua Garrett. Foi erguida no Monte Fragoso, actual Alto de S. Francisco em Novembro de 1147 na necrópole onde os cruzados ingleses tinham sepultado os seus mortos, e o seu padroado entregue pelo Rei ao Bispo de Lisboa o inglês D. Gilberto.
É uma Igreja neo-barroca, terminada em 1784, com traça do arquitecto Reinaldo Manuel dos Santos. Possui boas obras de arte de escultura e pintura e está revestida interiormente de mármores.
A frontaria é constituída por três corpos. Na zona superior do corpo central três janelas iluminantes acentuam plasticamente as portadas inferiores. Sobre o pórtico central foi colocado um medalhão redondo comemorativo da dedicação do templo primitivo, um baixo relevo que representa D. Afonso Henriques dado graças à Virgem pela conquista de Lisboa, acompanhado da lendária figura do cruzado Guilherme da Longa Espada, obra de Francisco Leal Garcia.
A pintura do tecto do corpo da Igreja é uma das mais notáveis obras de Pedro Alexandrino. O tema é a dedicação do templo primitivo a N. S. dos Mártires, com uma cercadura de doutores da Igreja.
A Capela Mor tem banqueta e trono do Santíssimo Sacramento de mármore negro. No tecto figura a Santíssima Trindade, pintura de Jerónimo Gomes Teixeira. A Padroeira apresenta o Menino no braço esquerdo e no direito a palma dos mártires. As pinturas das oito capelas laterais são obra do famoso pintor tardo-barroco Pedro Alexandrino. Uma teia de pau santo e um famoso orgão de 1780 obra de Silvério Machado completam o conjunto.
Sobre o altar que preside à sacristia há um retábulo de mármore branco com a mesma cena da porta principal e doze quadros a óleo de Cristo e apóstolos. São notáveis os arcazes.
Templo de nave única enquadrada por oito capelas laterais. À esquerda de quem entra e desde o fundo da igreja: capela baptismal fechada por uma porta de ferro dourado com inscrição relativa ao primeiro baptismo em 1147, altar de S. Brás com painel de fundo do Santo, S. António com painel do santo, Santa Cecília representada em painel de fundo. A quarta, do Santíssimo Sacramento, é revestida de mármores vermelhos e azuis, com imagem de S. José. As capelas laterais da direita estão dedicadas a: Senhor Jesus dos Perdões com imagens de Santa Maria Margarida Alacoque, S. Terezinha do Menino Jesus e Santa Filomena, altares de Santa Luzia com painel representando o martírio da Santa, Na. Sra. das Dores com um retábulo de fundo representando Cristo no Gólgota, Na. Sra. da Conceição com um painel do fundo de S. Miguel, Na. Sra. de Fátima com retábulo do Bom Pastor.
A pia baptismal é uma peça original pré-terramoto, tendo sido recuperada intacta da primitiva basílica: nela foram baptizadas individualidades como o Beato Bartolomeu dos Mártires, em 1514 o Cardeal D. Luís de Sousa, em 1630 e o poeta Fernando Pessoa, em 1888.
Basílica de Nossa Senhora dos Mártires
- R. Serpa Pinto 10D
1200-445 Lisboa
